quinta-feira, 4 de agosto de 2011

CONFEDERAÇÃO DO EQUADOR: 187 ANOS


Há exatamente 187 anos, proclamou-se em Pernambuco a Confederação do Equador. O movimento foi uma reação à política absolutista de Pedro I que, em 1823, dissolvera a Assembleia Constituinte para em seguida outorgar uma Constituição que lhe garantia amplos poderes. O golpe autocrático do Imperador anulava as possibilidades de se estabelecer no Brasil um Estado liberal com equilíbrio de poderes entre as províncias, concentrando as decisões na figura do monarca e na corte carioca. O Typhis Pernambucano, periódico redigido pelo carmelita Frei Caneca, denunciava: “a massa da Província aborrece e detesta todo o governo arbitrário, iliberal, despótico e tirânico, tenha ele o nome que tiver, venha revestido da força que vier. Do Rio nada, nada, não queremos nada!”. Pernambuco que já havia se erguido contra o despotismo bragantino em 1817, voltou a alçar-se, dessa vez, pela mão de Manuel de Carvalho Paes de Andrade. Proclamou-se uma república a qual outras províncias do norte foram instadas a se unir. O pesquisador Carlos Bezerra Cavalcanti chama a atenção ao pouco destaque que a data tem tido nos últimos anos: “esta data já chegou até a ser feriado em Pernambuco, atualmente, esta terra esquece seus feitos, seus fatos relevantes e seus grandes heróis, entre eles o Frei Joaquim do Amor Divino Caneca”. Cavalcanti ressalta a grandeza da figura de Caneca. Nascido no Recife em 1779, Caneca ingressou na ordem carmelita aos 16 anos de idade e sempre se destacou pela inteligência. Verdadeiro porta-voz do grito de Pernambuco contra a tirania pagou com a própria vida pela defesa da liberdade. Por sua participação no movimento da Confederação do Equador, acabou condenado à forca, tendo sido finalmente arcabuzado em 13 de janeiro de 1825 por não haver carrasco disposto a cumprir a aviltante sentença original. Como castigo pelo movimento, o governo imperial usurpou mais da metade do território pernambucano, desmembrando a comarca do São Francisco que permanece, até hoje, provisoriamente anexada ao território da Bahia. O IAHGP presta aqui suas homenagens aos bravos pernambucanos que em 1824 ousaram sonhar com um projeto de Estado onde houvesse mais liberdade.
Do IAHGP http://www.institutoarqueologico.com.br/

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