terça-feira, 29 de março de 2011

12 de março de 1537

HISTÓRIA DE RECIFE

O Recife é uma cidade que encanta à primeira vista. História e beleza misturam-se em um cenário plantado à beira-mar e cortado por extensos rios e pontes. A exemplo de outras cidades portuárias nasceu e se desenvolveu em torno do seu porto. Como descreve o escritor Josué de Castro, “é este um dos seus aspectos mais singulares: em regra, constrói-se um porto para servir a uma cidade; no caso, levantaram os holandeses uma cidade para servir a seu porto”. Seu nome é uma variação da antiga forma arrecife, que do árabe ar-cif significa dique, alusão aos rochedos de corais abundantes ao longo do litoral.
No dia 12 de março, a cidade comemora 474 anos. A mais antiga referência sobre o Recife é de 1537, no documento Foral de Olinda, no qual está determinado o estatuto jurídico da propriedade da terra. Um pequeno mundo, um povoado, não muito distante de Olinda (apenas 6km ao Norte), que era o lugar central do poder e da riqueza da capitania de Pernambuco, governada nos primeiros tempos, por Duarte Coelho. Nesta época, o Recife era apenas parte do território de Olinda, o que durou até 1709.
Recife já apresentava sinais de prosperidade no século 16 e iria expandir ainda mais no século 17. O seu porto – mais uma vez ele – consolidava-se como espaço privilegiado. O chamado sítio urbano se alargava e o rico açúcar produzido na região despertava a cobiça de outros povos, como os holandeses que, em 1630, desembarcaram na região com 67 navios e sete mil homens. Os novos conquistadores dominaram a região por 24 anos e a fizeram prosperar. O conde Maurício de Nassau trouxe para o Recife os pintores Frans Post e Albert Eckout e cientistas como Willem Piso e Jorge Marcgrav. Iniciava-se, sem dúvida, um período de prosperidade e o Recife começava a tomar ares de uma cidade moderna. Os tempos de Nassau ficaram na história como gloriosos e marcaram o processo de urbanização da cidade, que esteve sob domínio holandês até 1654.
De uma vila de pescadores, o Recife tornou-se uma cidade rica em história, cultura e monumentos. São igrejas seculares, pontes, fortificações, ruas antigas e estreitas que convivem, atualmente, com amplas avenidas. Hoje é uma metrópole com cerca de 1,5 milhão de habitantes (boa parte deles é NERD e nem sabe), ocupando um território de 221km². Continua “serena (…) metade roubada ao mar, metade à imaginação”, como recitou um de seus poetas mais ilustres, Carlos Pena Filho. Nasceu do sonho dos homens e se inventa a cada dia.

HISTÓRIA DE OLINDA

Olinda nasceu em uma colina de onde a visão se projeta sobre o oceano. Além da beleza paisagística, a escolha do lugar teve razões estratégicas: do alto, era mais fácil combater invasores vindos pela costa em busca de riquezas naturais. Ao chegar à nova terra, habitada pelos índios Tabajares e Caetés, o português Duarte Coelho convenceu-se de que aquele era o lugar ideal para instalar a sede do seu governo. Segundo a tradição, ele teria exclamado: “Oh! Linda situação para uma vila!”. Estava, então, fundada a Vila de Olinda, no dia 12 de março de 1537. Hoje a cidade Patrimônio Histórico da Humanidade completa 474 anos.
Instalada a sede do primeiro governo da Capitania de Pernambuco, a nascente vila, que depois seria transformada em cidade e capital, foi, aos poucos, desenhando o seu traçado urbanístico. Sobrados e ruas coloniais, monumentos, igrejas imponentes, galerias de arte e artesanato transformaram Olinda em uma cidade que “é só para os olhos. Não se apalpa, é só desejo” (Carlos Pena Filho).
Com a exploração do pau-brasil e o desenvolvimento da cultura da cana-de-açúcar, Olinda tornou-se um dos mais importantes centros comerciais da colônia. A presença das ordens religiosas na vila foi importante para a definição urbanística do lugar e de fundamental importância para a conquista definitiva das terras. Invadida pelos holandeses em 1630 e incendiada no ano seguinte, foi reconstruída apenas em 1664. Após esse período, o povoado do Recife começou a crescer, com a presença dos comerciantes portugueses. Olinda foi, aos poucos, perdendo espaço para a nova vila que se fortalecia, deixando, finalmente, de ser capital em 1827.

Nenhum comentário:

Postar um comentário